sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Meu amor, Agenor.

Minha maior admiração. Sinto um...orgulho mesmo. Acho incrível, gênio (apesar dele não gostar desse título), um poeta, grande letrista, símbolo de força e coragem. O extremo, a loucura, a sede de viver, a urgência e o imediatismo, o exagero, a humildade e tantas outras qualidades e características de Cazuza vêm me encantando e me apaixonando cada vez mais. Me dá uma tristezinha em saber que nunca vou poder assistir à um show e ficar esperando na porta dos fundos ele sair só pra dizer o quão importante e influente pra mim ele é. De certo que eu não conseguiria, travaria, ia chorar e no máximo conseguiria pronunciar um "Te Amo, tira uma foto comigo" (coisa que não falei nem quando vi o Frejat) bem à la tiete de bandinha tosca, mas diante do meu maior ídolo, cho que até a circulação sanguínea pararia.

Em suas idéias eu encontro de forma organizada e clara as minhas. Sempre tive dificuldade em expressar o que eu sinto e penso. Fica sempre meio confuso, faltando alguma coisa. Mas é só ler algum trecho de entrevista, lgum arquivo particular do Cazuza que vejo que é exatamente o que eu queria dizer.

Essa semana tava lendo o maravilhoso Só As Mães São Felizes da Lucinha (que tb admiro muito e acho uma pessoa incrível e de coração pra lá de bondoso) e entre as frases da sessão Cazuza Por Cazuza mais uma vez achei tudo o que minha cabeça confusa não consegue organizar de forma clara e compreensível.

Vou citar algumas frases e trechos do livro que, obviamente, eu concordo e assino em baixo:

"Eu acredito no amor eterno. Ainda vou encontrar alguém para ficar para sempre. Enquanto isso não acontece..uma hora aqui, outra ali, no vaivém dos seus quadris, como digo na música. Mas quero até ter um filho.."

"O rock é a idéia da eterna juventude. Quando descobri o rock, decobri também que podia desbundar. O rock foi a maneira de eu me impor às pessoas sem ser o 'gauche' - porque de repente virou moda ser louco. Eu estudava num colégio onde, de repente eu era a escória. Então quando decobri o rock, descobri a minha tribo: ali eu ia ser aceito! E rock para mim não é só música, é atitude mesmo, é o novo! Quer coisa mais nova que o rock? O rock fervilha, é uma coisa que nunca pode parar. O rock não é uma lagoa, é um rio. O rock é a vingança dos escravos. É porque não é para ser ouvido, é para ser dançado, é uma coisa tribal. Rock é simplesmente uma batucada. O rock brasileiro é fazer gracinhas, é contar piada. O que a gente tem de forte no rock brasileiro é o 'agá' que a gente leva."

"Os jovens de hoje em dia são bem caretas. Eu preferia ter vivido nos anos 60. Mas já que vivo na época de agora, posso pelo menos falar mal dela."

"Levo uma vida burguesa. Mas sei que o Brasil vai mal, que tem gente morrendo de fome, que o Papa é um bobo e que o comunismo não está com nada."

"Gosto muito da noite, acho que ela é um espaço, um território livre para tudo. Não sei... a noite é muito dramática, muito bonita. As pessoas que saem na noite procuram algo que na verdade não vão encontrar, mas elas curtem também a procura, aquele papo furado."

"Sou um cara que ouve muita música brasileira... Então, minha influência do rock veio a partir de Rita Lee, Jovem Guarda, Raul Seixas. Eu me coloco dentro de um rock que já está sendo feito há muito tempo, um rock mais genúino."

"A história das drogas está na Bíblia, é o pão e o vinho, um é o alimento e o outro é a imaginação. A realidade e a fantasia."

"Todos os que vivem no lado escuro da vida são pessoas iluminadas e me sinto mais à vontade em lugares com pessoas escrachadas do que com as mais finas."

"Hoje as pessoas mal se olham na cara. Houve uma mudança do universo comportamental, r do referencial imediato. Mas o referencial básico fundamental, essencial, para mim, para minha alma, ainda é o mesmo."

"Os problemas do Brasil parecem ser os mesmos desde o descobrimento. A rend concentrada, a maioria da população sem acesso a nada. Coisas que, parece, vão continuar sempre. Nós teríamos saída, pois nossa estrutura industrial até permitiria isso. O problema do Brasil é a classe dominante, mais nada. Os políticos são desonestos. A mentalidade do brasileiro é muito individualista: adora levar vantagem em tudo."

"O inferno é aqui. A cabeça da gente é um inferno. E essa de 'o inferno são os outros' não sei não... Para mim, que dependo muito de amigos, de carinho dos outros, não vejo a vida contra ninguém. Posso até ser meio ingênuo. Essa visão de inferno e céu: eu não vejo o inferno como uma coisa ruim e o céu como bom. O céu pode ser uma chatice e o inferno uma coisa divertida. Aliás, as imagens que temos do inferno são sempre aquelas onde localizamos o demônio, as pessoas transando, se comendo. O inferno é um baile de carnaval no Monte Líbano."

Agenor de Miranda Araujo Neto, ou simplesmente o Cazuza.