quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Capítulo Onze




"Em Janeiro de 1980, alguns dias depois, escrevi o seguinte no meu diário:

'Parece incrível, mas eu encontrei uma mulher. É um milagre! Transas eu consigo num estalar de dedos, mas eu encontrei uma mulher! Inacreditavelmente ela é (fisicamente) o espécime mais lindo do PLANETA! Mas não é só isso! É claro que a beleza ajuda, mas é a cabeça dela, sua alegria de viver, e (miraculosamente) ela acha que esse junkie acabado é o cara que ela ama.
Eu estou na lua, fazendo xixi nas calças. Ela adora soul, reaggae, ela gosta de todos os estilos musicais. Eu gravo fitas de presente para ela, o que é quase tão bom quanto estar com ela. Mando as fitas como se fossem cartas de amor. Estou chegando aos quarenta e estou gamado.'

Não podia acreditar que ela quisesse ficar comigo. Porque eu estava saindo todos os dias com um bando de amigos e a única coisa que fazíamos era ir a umas biroscas (...)
Mas ela sempre vinha. E eu sabia que estava rolando alguma coisa entre nós, mas como e quando e quem ia tomar a iniciativa, isso já era outra história (...) Eu nunca parti com tudo para cima dela (...) Mas eu podia me expressar silenciosamente. Tipo Charlie Chaplin (...) Eu prefiro ficar na minha, esperando a tensão aumentar a tal ponto que algo simplesmente tem que acontecer (...)

Patti Hansen: 'Keith arrumou uma suíte para nós no hotel Carlyle. E eu lembro que ele decorou tudo direitinho, colocou uma iluminação toda especial no quarto, pendurou cortinas e abriu as luminárias com lindos lenços de seda (...) Eu tenho caixas e mais caixas de cartas de amor que ele me escreveu desde o primeiro dia que nos conhecemos. Ele fazia desenhos com o próprio sangue. E até hoje eu adoro receber os bilhetes dele. Ele era um cara muito charmoso e inteligente. Aqueles primeiros momentos foram maravilhosos (...) Dei a ele as chaves do meu apartamento e viajei para Paris por algumas semanas. E me perguntei: "Será que isso está acontecendo mesmo?". E fiquei superempolgada quando ele ligou para Paris, perguntando "Quando é que você vem para casa?" (...) Foi uma loucura tentar manter um relacionamento com Keith (...)
Eu me lembro de que estava no andar de cima chorando quando a merda voou no ventilador. Alguma outra coisa deve ter acontecido antes disso, porque eu recordo que não estava na mesa com eles quando o incidente aconteceu. Eu devo ter percebido que Keith estava passando dos limites e me escondido em algum buraco. (...) Quem sabe por que Keith estava agindo assim? (...) e eu me lembro de ficar chorando nos degraus da escada, e de Keith chorando em meus braços e de todo mundo olhando para nós. (...) Depois lembro de minha mãe me abraçando e dizendo que Keith ia cuidar de mim: "Está tudo bem, querida, ele é um bom rapaz"'

(...)Parece expressar a raiva de um homem por uma mulher, é uma canção de amor amargurada, de alguém que está jogando a toalha:

Se o show tem que continuar,
Que continue sem você..."


Keith Richards em Vida.